quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O primeiro




"Todo equipado, preparado na linha de partida

Daqui a pouco vai ser dada a saída
Todo mundo nervoso e eu não tó nem aí (O importante é competir!)

Então tá, vamo lá, nem vou me preocupar
Já tá tudo armado pra eu me conformar
Eu vou tentar só pra não falar que eu nem sou atleta

Ia ser legal chegar junto na frente
Mas iam falar que quero ser diferente
Tá bom demais, pelo menos eu não saio da reta
Por isso eu sempre sou

Terceiro! Ôba-Ôba!"

"Terceiro", Ultraje à Rigor


Aqui não basta mais ser terceiro.

O que importa é a colocação dentro do coletivo. Não importa se é primeiro, segundo, terceiro, o podium é medido pelo número e assentos.

Você vai ficar desconfortável, não importa onde esteja, mas você já está desconfortável, o negócio é ficar mais ou menos.

Essa competitividade dentro do metrô, ônibus e na rua basta ter uma superlotação. Competitivos na vida, no mercado, nas andanças. Indo contra à colaboratividade, presenciadas em poucas ocasiões. Não há ninguém para ser conhecido, não há nada que substitua o desespero da situação, alimentado pela ânsia (enjôo mesmo) de "chegar lá".

Têm-se pra onde ir, de onde vir. O problema é o desrespeito social e público no trajeto.

"Mas aqui é a terra das oportunidades!", "São Paulo é o carro chefe do país", "Eu conduzo, não sou conduzido!", "mas agora que eu trabalhei tanto para ter meu SUV você diz que eu não posso usá-lo na cidade porque tem trânsito e polui?", "eu trabalho o dia inteiro e não posso tomar meus quinze cafézinhos diários em quinze copos descartáveis?"

O mito da civilização da cidade de São Paulo está sendo passado pra trás, junto com o sucesso e qualidade de vida e com a adição de uma bomba relógio.


Estou começando acreditar nas profecias de que o mundo vai acabar em 2012.


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