quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Aumenta a saia, ponha espartillho e vista teu sutiã queimado.


Post sobre uma notícia que vi hoje, apesar de ter ocorrido na quinta-feira da semana passada.

Uma estudante de certa universidade foi agredida e perseguida por vários estudantes dentro da universidade. Ela estava de mini-saia.
Não sei o pior é o fato da agressão ou se são os comentários que vi no jornal da noite. Um senhor diz "eles devem ter algum problema pra não gostar de ver menina com mini-saia". Um estudante disse "Ela estava com trajes de garota de programa". Em notícias pela internet, coisas do tipo "ela sabia que não poderia vir pra universidade daquele jeito pois é um ambiente educacional".

Não vamos pensar na grande lacuna da justificação roupas/ambiente educacional para o ocorrido, e sim nas reações - além de muitos comentários serem agressivos, pra não dizer primatas.

Se ela estava vestida como uma garota de programa e desencadeou essas reações, então uma prostituta merece ser xingada e humilhada em público, ou em um lugar que ela pertence? Ora essa, ela é uma afronta para a moral de bons costumes de muitos estudantes e para a constituição da família mesmo, não é!? Por isso ela deve sofrer as consequências, como se não tivesse sentimentos ou se tivesse uma vida muito boa mesmo. Aliás, esse tipo de gente não tem sentimentos, angústias, história ou cultura. É um vibrador. Ops, protótipo de vagina estimulante.

Se os estudantes estavam com problema por não gostar de mulheres de mini-saias devem ser todos uns gays fedidos mesmo. Doentes, com desvio de sexualidade.

' Para a estudante de Logística, XXX, "faltou bom senso". "A menina estava vestida como alguém que ia para uma festa". XXX acrescentou que não era preciso humilhar a garota. "Quer gravar um vídeo grava, mas não xinga", completou. ' (Fonte: Matéria do portal Terra)

Nunca vi homens ou mulheres festidos numa festa como se tivessem saído de pijama, tampouco homens ou mulheres vestidos no supermercado como se fosse em um grande evento.

Na verdade, as mulheres devem usar roupas para os outros. E todos os outros, com seu egocentrismo, devem mesmo achar que ela se vestiu para quem está vendo, é lógico! Não por que se sente bem com essa ou aquela roupa.

Voluptuosas ou não, somos afronta à humanidade, com nossos corpos cheios de pecado. Pecamos dia-a-dia por sermos mulheres e por querer levar os puros e inocentes homens para o pecado, fazendo-os desejarem nossos corpos. O desejo direcionado a nós é criado por nós também, por sermos mulheres.

Podemos ser um lapso da his(es)tória, descendentes da mulher que não veio da costela de Adão, e sim criada junto com ele do barro e depois expulsa do paraíso, como conta a história bíblica não-oficial.


Por esse pecado, e também pelo desejo, não somos donas de nossos corpos.


Somos seres dos homens que olham e sentem. Seres feitos para serem olhados, humilhados e xingados, em diversas formas e proporções.

Não somos coisas que sentem. Apenas coisas, pertencentes a todos que olham.

Talvez por causa disso não devêssemos sair de casa.

Escrevi tudo sem minhas anáguas, espartilho, meia calça. E sim confortavelmente de pijama. Tremendo desrespeito. Desculpe-me.

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